domingo, 2 de janeiro de 2011

A/C de D...

"Sim, eu fiquei com pena dele. Pena propriamente não, preciso de uma palavra mais adequada. Fiquei numa postura meio filosófica, meio melancólica. Não é bem melancólica, é a de um sorriso chapliniano, talvez. Tem uma palavra inglesa que está zanzando aqui, em torno da minha cabeça como uma mariposa em torno de uma lâmpada. Detesto usar palavras estrangeiras porque as portuguesas me faltam, me sinto uma débil mental, isso só se perdoa em alemão, que tem palavras para designar coisas que só alemão sente. Bem, não tenho inseticida aqui, wistful. Fiquei assim meio wistful, olhando pra ele, como se eu estivesse à distância, destacada da cena.", apenas esperando o meu próximo movimento espontâneo que o fizesse ficar maluquinho por mim, talvez, uma palavrinha dita de um jeito mais gracioso, talvez o rebolado ou o movimento mais audacioso das minhas trancinhas, talvez o meu fingimento em não saber pegar no taco ou não entender uma jogada, talvez o arrepio que me deixava sem graça ao sentir a mão dele sobre a minha cintura, talvez um sorriso que fingia não entender o que ele estava querendo me sugerir, talvez um talvez.
A verdade é que o meu gordinho tremia na base comigo. E, eu confesso: ele era inteligentíssimo e esse "click" da libido me tirava do meu wistful e fazia com que eu entrasse em cena, bem de pertinho.
Toda essa minha cena me deixou uma saudade que não tem explicação. Uma saudade maluca, maluca assim como a "bonequinha de luxo" que interpretou um filminho com um "Shrek".
A rosa que viveu um conto de fadas com toque boêmio, recheado de vícios, de coca-cola e cigarro, de cerveja e pizza, de sinuca e reggaeton, e de lembranças do Raça Negra, da  "Florentina, Florentina" e dos Mamonas Assassinas. A rosa que teve colo, aulas particulares e até um casaco recusado, que beijou e abraçou, na maior postura wistful. A rosa que não brigou com o cravo. A rosa que brincou com o amor, com uma noite encantada e com a mentira. A rosa que "pôs-se a chorar" ao perder o cravo e... perder pro cravo.

"Escolha feita, inconsciente
De coração não mais roubado
Homem feliz, mulher carente
A linda rosa perdeu pro cravo." (8)

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