domingo, 6 de maio de 2012

Às vezes, não saber salvaria um coração

"E o grilho canta, saltante - quando quieto, via a mosca que esvoaçava. Bom tempo a observava. Quando se pôde pôr por perto, não resistiu a explicar-lhe as razões por que voava: o movimento etéreo, as proporções das asas dadas aos ar, e a leve carga do pouco corpo.

A mosca tudo ouvira, atônita,
entre descrente e dubitativa.
Quando tentou alçar vôo, o corpo que a consciência de si enrijecera, não soube, natural, se fazer plano, velejar no ar,
de descuidada eficácia.
A mosca olha alheava seu prodígio de antes.
E maldiz o grilo que lhe dera a consciência de si.
E seu consequente peso."



O peso do coração. Do sentimento. Devem ser as batidas, lentas e, de vez em quando, esmagadinhas, que torna tudo tão mais consciente, mais dito, mais mal dito. 
... E esse grilo que poderia ter ficado só a olhar.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Em homenagem àquele velhinho tão significativo...

"será que tudo o que eu gosto, é ilegal, é imoral ou engorda?"

 
Dois mil e onze sentidos pra mim!
 



Ele já foi cantado em um "adeus, ano velho!", mas ele me deixa saudades. Bem, saudades bem não. Acho que é mais uma alegria da descoberta. E que, uma vez descoberta, já foi.
Em 2011, eu descobri tantos sentidos. Sentidos que me fizeram ver de outra maneira, ler de um jeito diferente (quem sabe, de cabeça para baixo?!). Sentidos que estavam perdidos, mas que no balanço da rede, podem ser colocados em outro lugar (um lugar mais apertadinho, como quando a gente grudaocorpo, sabe?). Sentidos que tinham tudo para não-ser, e foram os melhores (tão bom que até houve a promessa de um chazinho das cinco, lá no céu, na minha mansão de pedras preciosas). Sentidos leves e risonhos (como aquele negrinho que se acha o último brigadeiro da festa que ele é ). Sentidos que me flagram em uma lágrima intrometida que eu não entendi porquê estava caindo. Sentidos que se produziram na brisa do cigarro, na brisa de uma noite de verão só de nós três, no abraço que esquenta. Sentidos que a gente inventa, que a gente produz numa única palavra, que a gente deixa o silêncio aplaudir, que a gente ama por estar sentindo, que a gente não quer mais por ser muito pouco, que a gente se pergunta, questiona e esbraveja, que a gente sente por estar vivos!