segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Perfume del hombre

Teu olhar me tirou daqui. (8)

"Era uma vez..." um desconhecido entrelaçando os seus dedos nos meus, enquanto minha caixeira viajante acertava o preço.
Estranho seria se eu dissesse que eu não estava encabulada, me sentindo a estrangeira carente e o pior (!) que eu estava simplesmente amando aquela ideia.
Uma ideia que foi germinada há um tempo, quando se assiste mta tv e que vc sai daquela inocência de criança para a curiosidade da adolescência. Uma ideia que tinha ficado em algum cantinho da memória e, naquele momento, estava se despreguiçando. Uma ideia que nem na imaginação ia ser tao única como se tornou agora - eh arrepiante apenas a lembrança do momento.
No meu romance, pois, o cenário eh típico de algum filminho de final de tarde de um dia chuvoso e que pede pipoca: es despacito, sem grandes feitos e passiones. Tem mesinhas coloridas, bandeiras de todos os países que nos faz lembrar de onde viemos e melhor: quais sao os outros mundos que eu tenho que desbravar. Tem uma moça mto bem vestida que, de de longe, observa meus passos com o rapaz. Tem um tango - talvez fosse aqele super famoso do Al Pacino, mas, pra mim, esse tango musical eh soh meu e se eu pudesse, congelaria toda a sua partitura de forma tal que soh eu pudesse ouví-lo e mais ninguém. Tem um dançarino preciosíssimo que eh o protagonista do olhar mais castanho, envolvente e estritamente profissional que eu tive o prazer de descobrir
... mas não desvendar.
Ele interpretava um tango dramático. Ela, por não ter o poder de esconder o sorriso que extravasava os limites fronteiriços da cena e da realidade, vivia uma comédia. Divina, por sinal.

Quatro, três, dois... (um?) cm separavam o hálito de ambos. A ideia que vestia ainda o pijama da preguiça, despertou de vez. (E com ela, a chica, nossa protagonista). Peitoral dele se junta ao decote dela. As pernas se cruzam e se encaixam, num movimento como um flash. Há um silêncio que percorre a tensão daquela dança, um silêncio que se escuta no olhar e nem os burburinhos dos outros turistas eh capaz de abafá-lo. Dois passos para a direita, ele diz: Olhe pra mim!. Ela sorri e soh depois percebe que aih que se encontra a maçã (não porque foi oferecida por um suposto bruxinho do 'espelho, espelho meu' - embora seja inegável a magia que adormecia todo o corpo dela - ... mas sim...porque assumiu a fórmula da tentação - que, por deus, me deixaria cair nela.). Dois passos para trás. E, ao sentir a mão firme dele em sua cintura, ela prende a respiração. (A causa ainda está em fase de hipóteses... mas uma bastante justificável eh que na imaginação da donzela a suspensão da respiração funcionaria como uma tranca para o seu desejo de roubar um beijo do nosso heroi). Dê um rodopio e não se perca no ritmo! (e nem em seu olhar-maçã). Mão na coxa, e o arrepio, mesmo com o jeans que ela vestia, ainda se sentiu, ao perceber o deslize meticuloso da mão dele em sua perna para um pouquito mais arriba. Respiração eh trancada. Joelho entre... 
Ela fecha os olhos.
Durante esse espetáculo, ela nem sem lembra que, assim como outras ja estiveram em seu lugar, outras ainda virão - talvez, elas nem percebam o olhar do Seu Don Juan, mas sentirão a virilidade, força e sensualidade daquele tangueiro que usava um chapeuzinho preto e cavanhaque charmosinho que, nao por menor participação, também ficou para a história.

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