domingo, 6 de maio de 2012

Às vezes, não saber salvaria um coração

"E o grilho canta, saltante - quando quieto, via a mosca que esvoaçava. Bom tempo a observava. Quando se pôde pôr por perto, não resistiu a explicar-lhe as razões por que voava: o movimento etéreo, as proporções das asas dadas aos ar, e a leve carga do pouco corpo.

A mosca tudo ouvira, atônita,
entre descrente e dubitativa.
Quando tentou alçar vôo, o corpo que a consciência de si enrijecera, não soube, natural, se fazer plano, velejar no ar,
de descuidada eficácia.
A mosca olha alheava seu prodígio de antes.
E maldiz o grilo que lhe dera a consciência de si.
E seu consequente peso."



O peso do coração. Do sentimento. Devem ser as batidas, lentas e, de vez em quando, esmagadinhas, que torna tudo tão mais consciente, mais dito, mais mal dito. 
... E esse grilo que poderia ter ficado só a olhar.

Um comentário:

  1. Oi Zeth,
    As matérias sobre a apropriação dos corpos das prostitutas pelo saber médico, publicadas no Doc.Londrina foram extraídas do livro "Centro e as Margens: boemia e prostituição na Capital Mundial do Café", do historiador Antonio Paulo Benatti. Tem na internet um arquivo em pdf.
    Boa pesquisa!

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